TRATAMENTO SUSTITUTIVO DA FUNÇÃO RENAL. HEMODIALISE E DIALISE PERITONEAL
Pacientes com insuficiência renal cronica terminal, é necessário que seja encaminhado a tempo para uma Unidade de Nefrologia para avaliar e tratar de atrasar a progressão da enfermidade, assim como prevenir e tratar as complicações da IRC. Informar ao paciente e sua família as opções de tratamento (hemodialise, dialise peritoneal, transplante renal, ou tratamento conservador) para decidir o tratamento adequado, planificar a tempo a cirurgia do acesso para dialise e decidir o inicio do tratamento sustitutivo renal (TSR).
Tipos de TSR
Objetivos:
- Aumentar a supervivência.
- Reduzir a morbilidade.
- Melhorar a qualidade de vida.
As técnicas de dialise, hemodialise e dialise peritoneal suprem algumas funções dos rins (funções exócrinas).
O transplante renal permite o restabelecimento da função renal (incluindo as funções endolabirintíticas).
INDICAÇÃO DE DIALISE
Segundo as Guias Europeias de Hemodialise:
- Filtrado glomerular inferior a 15mL/min por 1,73m2, se deve considerar iniciar a dialise se aparece um ou mais dos seguintes:
- Sintomas ou sinais de uremia (astenia, anorexia ou náuseas).
- Hipervolemia ou hipertensão artéria resistente ao tratamento.
- Deterioro progressivo do estado nutricional.
- Alterações metabólicas refratarias ao tratamento (ex.: hiperpotassemia, acidose metabólica, hipo ou hipercalcemia ou hiper-fosforemia).
- Outras situações:
- Pericardites.
- Insuficiência cardíaca congestiva.
- Encefalopatia ou polineuropatia urêmicas.
HEMODIALISE
Depuração extracorpórea que se vasa em um processo de intercambio de água e solutos entre o sangue e o sangue e o liquido de dialise semipermeáveis do dialisador. A hemodialise permite o aclaramento de toxinas urêmicas, a eliminação do liquido acumulado e o restabelecimento do equilíbrio eletrolítico e acidobásico.
Eliminação de soluto: difusão, convecção e adsorção
A difusão consiste no movimento dos solutos a traves de uma membrana semipermeável segundo um gradiente de concentração.
A conversão, quando os solutos são arrastados junto a água durante a ultrafiltração.
A adsorção (de menor importância), consiste na união, seletiva e não seletiva, de moléculas a própria membrana do dialisador que contribui ao aclaramento de moléculas de tamanho médio com uma dependência temporal marcada.
Modalidades de hemodialise
Segundo aos princípios físicos:
- Hemodialise convencional: difusão que se acrescenta a ultrafiltração necessária para eliminar a sobrecarga hídrica.
- Hemofiltração (HF): se baseá em convecção pura. Consiste na extração de um volume de liquido superior a 20L/sessão, repostos por um liquido de reposição livre de toxinas urêmicas.
- Hemodiafiltração (HDF): combina o transporte difuso e convectivo com dialisador e liquido de reposição.
TÉCNICAS DE HEMODIALISE
Para hemodialise é preciso:
- Um acesso vascular.
- Um monitor.
- Um dialisador ou filtro.
- Linhas do circuito extracorpóreo.
- Liquido de dialise.
O sangue após passar pelo dialisador, parcialmente depurada e com um equilíbrio hidroeletrolítico normalizado, volta ao paciente pela linha venosa.
Normalmente a dialise se realiza em três seções semanais de 4h/sessão.
Se realiza em centros de dialise ou hospitais, mas também pode ser domiciliar após treinamento.
ACESSO VASCULAR
Acesso de eleição é a fistula arteriovenosa interna (FAVI), pelo menor risco de infecções. Se anastomosa uma artéria com uma veia que pode proporcionar fluxo sanguíneo adequado e que possa puncionar-se repetidamente. Como primeira opção se realiza no antebraço, entre a artéria radial e a veia cefálica. Em ausência de veias superficiais adequada se utiliza prótese vascular, complicações se destacam trombose, infecção e desenvolvimento de aneurisma
Com ausência de FAVI ou prótese se realiza craterização percutânea de uma veia central (primeira eleição jugular; segunda eleição femoral).
COMPLICAÇÕES
Complicações agudas (aparece durante a sessão ou nas horas seguintes):
- Hipotensão.
- Câimbras intra ou pós-dialise.
- Cefaleia.
- Reações de hipersensibilidade da membrana ou ao esterilizante.
- Arritmia cardíaca.
- Hemorragias.
- Complicações mecânica e ou iatrogenóticas (hemolise, embolia gasosa, etc.).
- Derivados do acesso vascular:
- Infecções do acesso vascular.
- Disfunção ou trombose do acesso vascular.
- Cardiovascular (40-50% das mortes):
- Enfermidade cerebrovascular.
- Cardiopatia isquêmica.
- Enfermidade vascular periférica.
- Insuficiência cardíaca ou arritmia.
- Morte súbita.
- Defeitos da imunidade (contribui a segunda causa mais comum de morte):
- Infecções.
- Osteoarticular:
- Osteodistrofia renal.
- Amiloidose.
- Síndrome de túnel carpiano.
- Dores articulares ou óssea.
- Quistos ósseos.
- Fraturas.
- Outras complicações:
- Polineuropatia urêmica.
DIALISE PERITONEAL
Se baseia na capacidade que possui a membrana peritoneal, ricamente vascularizada e superfície efetiva de 1 a 2m2, permite o intercambio de solutos e água entre os capilares peritoneais e o solução de dialise introduzida na cavidade peritoneal.
Princípios físicos:
- Difusão.
- Ultrafiltração.
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
Elementos necessários:
- Cateter de dialise:
- De silicone e com linha radiopaca.
- O extremo interno deve localizar-se no fundo do saco de Douglas.
- O extremo exterior fixado na parede abdominal, segui o trajeto subcutâneo e emergi a traves da pele na zona paraumbilical. Se conecta ao prolongador permitindo a conexão segura com a solução de dialise.
- A solução de dialise, se presenta em bolsas estereis de plastico transparente, constituída por água, eletrolitos, um agente osmótico e um tampão.
- Manual (DPCA).
- Automática (DPA)
Deve monitorar periodicamente a eficiência da dialise e da função renal residual (FRR).
Importante conhecer as características de transporte da membrana, varia em cada paciente, mediante a uma prova funcional (test de equilíbrio peritoneal).
USO VASCULAR
Os resultados clínicos são similares a hemodialise, que oferece ao paciente um maior grau de autonomia, depuração mais lenta e continuada, maior estabilidade hemodinâmica, preserva melhor a função renal residual e não precisa de acesso vascular nem heparinização.
Desvantagens:
- Mais tempo necessário para realizar.
- Implicação do paciente e seus familiares.
- Antecedentes de grandes intervenções cirúrgicas abdominais.
- Ostomias.
- Grandes defeitos da parede abdominal.
- Enfermidade pulmonar grave.
- Limitações psicofísico grave.
- Entorno familiar e social inadequado.
COMPLICAÇÕES
- Infecção do orifício de inserção.
- Infecção do trajeto subcutâneo.
- Peritonites.
- Abdome doloroso (com irritação peritoneal).
- 100 leucócitos/mm3 com mais de 50% de neutrófilos.
- Aumento da pressão na cavidade abdominal:
- Hidrotórax.
- Fugas peri-cateter.
- Hernias abdominais.
- Dor durante a infusão de liquido de dialise ou alterações eletrolíticas.
- Com anos de tratamento:
- Esclerose da membrana peritoneal que leva uma perda da capacidade de difusão e ultrafiltração.
Comentários
Postar um comentário